Ora,
muito me regozijo no Senhor por terdes finalmente renovado o vosso cuidado para
comigo; do qual na verdade andáveis lembrados, mas vos faltava oportunidade. Não
digo isto por causa de necessidade, porque já aprendi a CONTENTAR-ME com as
circunstâncias em que me encontre. Sei passar falta, e sei também ter
abundância; em toda maneira e em todas as coisas estou experimentado, tanto em
ter fartura, como em passar fome; tanto em ter abundância, como em padecer
necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece. (Filipenses
4:10-13)
Por
que nossa geração é tão infeliz? Por que em muitos casos já iniciamos o dia
irritados e contrariados? Pior, por que sempre estamos em busca de algo novo?
Trocamos coisas que ainda poderiam ser usadas por mais tempo por algo novo?
Vivemos dias frenéticos, corremos sem um destino “logico”, estamos sedentos por
ter ou ser e isso tem provocado no coração de muitos uma imensa insatisfação na
vida, levando-nos ao stress, ansiedade e depressão. Estou seguro de que o
remédio contra tudo isso está no contentamento, algo que nós esquecemos e pouco
é ensinado ou pregado, mas que Deus deseja nos lembrar de sua importância.
Sim
amigo, o mundo te enganou, e isso ele faz diariamente. Ele nos diz: você
precisa disso ou daquilo para ser pleno, feliz, para que não te falte mais
nada, mas na verdade é tudo uma bela ilusão. Adquirimos tudo isso e o vazio não
se vai e aí somos arrastados para outra coisa, pessoa, relacionamento, emprego,
empreendimento para suprir a carência que o anterior não pôde suprir e assim
cambaleamos em um mundo caído e arruinado.
Quando
estamos dentro dessa realidade e afirmamos ser cristãos o desafio se torna
maior. As promessas de abundância não nos satisfazem, elas muitas vezes se
tornam utopia diante do sistema, mas quem te disse que uma vida abundante tem a
ver com efemeridades? Sim eu sei, foi o mundo, não a Bíblia. Mas muitas vezes
nosso cristianismo passa longe das Escrituras, preferimos os coach, os
visionários que de seu vazio das Escrituras nos enchem de ventos de bonanças
quando eles não os controlam, Elifaz já os questionava em seu tempo (Jó. 15. 2,3).
Transitoriamente parece que até funcionam, vendem livros vazios para vidas
vazias, sedentas por algo que as preencham de verdade e quem sabe assim elas não
precisem ir novamente ao poço (Jo. 4. 15), as vezes estamos com a Água Viva ao
nosso lado, mas ainda fascinados com o poço, cordas e canecas e sua história
antiga que não faz nada por ninguém.
Tenho
refletido bastante nestes últimos anos sobre a doutrina Bíblica do contentamento.
Ela que não significa aceitar o fracasso, ou como alguém queiram pensar: “Deixar
que a vida, ou o acaso” dê conta de colocar tudo em ordem, ou o simples desapego
das coisas, o segrego não é o desapego, mas a não dependência. Não somos como os
estoicos [1]que propunham eliminar toda
emoção e sentimento até o ponto que qualquer coisa que acontecia, seja com
respeito à própria pessoa seja em relação a outros, não lhes causava nenhuma
preocupação. Epicteto dizia: "Comece com uma taça ou algum utensílio
caseiro; se se rompe diga: 'não tem importância'. Continue com um cavalo ou um
cão mulherengo; se algo lhe ocorre diga: 'não tem importância'. Continue
consigo mesmo e se é ferido ou prejudicado de algum modo diga: 'não tem
importância'." A aspiração dos estoicos consistia em abolir todo
sentimento e emoção do coração humano. Não é isso que o Cristianismos Bíblico ensina.
O
que precisamos entender por contentamento está mais ligado a felicidade que
independe do que se tem. [2]O adjetivo
"contente", na verdade, significa "contido, calmo". É a
descrição de um homem cujos recursos encontram-se dentro dele, de modo que não
precisa depender de substitutos externos. O termo grego significa
"autossuficiente" e era uma das palavras prediletas dos filósofos
estoicos. Mas o cristão não é autossuficiente; sua suficiência encontra-se em
Cristo. Uma vez que Cristo vive em nós, estamos à altura das exigências da vida.
Encontrar
satisfação em Cristo ultrapassa as fronteiras do ter, ser ou poder, fala mais
em um ser ligado ao que Ele é, vencer por sua vitória e ter do que vem Dele. Em
nenhum momento Cristo nos ensinou facilidade ou viveu nela, pelo contrário, nos
disse que servi-lo seria como carregar uma cruz (Mt. 16. 24), caminhar ao seu
lado seria um risco ao ponto de perdermos a própria vida (Mt. 10. 39), mas
também, que este seria o único caminho para se ter uma real revelação plena do
Eterno (Jo. 14. 6). A máxima dita por Lewis continua valendo para hoje: [3]Se você quer que uma
religião faça você se sentir realmente confortável então eu certamente não
recomendo o Cristianismo.
Continua...
· BARCLAY,
William. Comentário bíblico no Novo Testamento. HAGNOS
· WIERSBE. W. W. Comentário Bíblico Expositivo. GEOGRÁFICA
· LEWIS, C. S. Deus no banco dos réus. THOMAS NELSON
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