Disse mais Samuel a Jessé: Acabaram-se os moços? E disse: Ainda falta o menor, que está apascentando as ovelhas. Disse, pois, Samuel a Jessé: Manda chamá-lo, porquanto não nos assentaremos até que ele venha aqui. Então mandou chamá-lo e fê-lo entrar (e era ruivo e formoso de semblante e de boa presença); e disse o Senhor: Levanta-te, e unge-o, porque é este mesmo. Então Samuel tomou o chifre do azeite, e ungiu-o no meio de seus irmãos; e desde aquele dia em diante o Espírito do Senhor se apoderou de Davi; então Samuel se levantou, e voltou a Ramá. 1 Samuel 16 Versos 11-13.
Gostamos muito de heróis fortes, que não tenha medo. Supervalorizamos as pessoas que vencem por mérito, persistência ou como dizemos hoje, pessoas que pensam positivamente. Infelizmente na prática não funciona assim, realmente o querer vencer é um passo importante para alcançar as metas, mas não nos faz vencedores apenas o desejo de vencer. Tratando-se de um contexto cristão e contrário a cultura de nossos dias muito influenciada por pensadores e propagadores da autoajuda gostaria de ir na contramão de tudo isso e afirmar: Devemos estar na vontade de Deus antes de ir em frente.
O dia amanheceu como qualquer outro, antes do sol nascer lá estava ele, franzino, queimado pelo tempo exposto ao sol, com seu alforje e harpa na porta do aprisco, não era lá um aprisco grande, na realidade era bem simples, mas era sua responsabilidade. O som de sua voz ecoou nos ouvidos das ovelhas, elas despertaram do sono na ainda madrugada fria de Belém. “Ele esta chamando!” disse seu instinto aguçado, logo todas estavam enfileiradas seguindo seu pastor, seu nome você já conhece, Davi.
Pastor de ovelhas não sabe o que é feriado em nossa linguagem, não sabe o que é folga ou simplesmente férias, seu trabalho é cuidar das ovelhas, e ovelhas precisam de cuidado sempre, em todo tempo. Em suma o trabalho de um pastor responsável nunca acaba. Ele já estava habituado, não tinha biótipo para ser um guerreiro ainda, mas estava conformado em servir sua família cuidando das ovelhas, ele aproveitava o momento calmo e tranquilo para louvar e compor belas melodias. Era fácil ouvi-lo de longe, tocando e acalmando os pequenos, frágeis e indefesos animais, que ao som de sua bela harpa poderia dormir a sombra de uma árvore.
Mas tudo estava para mudar, ele saiu muito cedo para saber da grande noticia; sua casa estava sendo visitada pelo homem mais importante dentro de Israel, o profeta de Deus, Samuel. Uma grande festa foi preparada para que ele pudesse contar o que veio fazer, e ele não iria ali apenas para passar uma tarde, estava a serviço de Deus para ungir o novo rei. Sabemos da história e vou resumir aqui que todos os filhos presentes foram preteridos por Deus, como Ele mesmo disse, estava olhando os corações. Deus sempre está fazendo isso, inclusive agora enquanto eu escrevo este texto e você o lê.
Não era nenhum deles, aí lembram-se do menino Davi e mandaram buscá-lo com urgência. Ele não participa do ritual de purificação, mas quando chega, o Senhor diz a Samuel: “É esse!”, e o homem de Deus lhe diz: “Se aproxime meu filho!”. Enquanto fechava os olhos em sinal de reverência sentiu sobre sua cabeça algo escorrer, era azeite puro, algo sagrado e destinado a poucos e ele era um desses poucos.
As palavras não vinham à boca, os olhos então começaram a denunciá-lo. Como? Por que eu? Não estou compreendendo tudo isso! E então o azeite se misturou às lágrimas e aquilo que era visto apenas por Deus pôde ser externado a todos, Davi tinha um coração voltado para servir. O espírito do Senhor se apodera dele, porém ele continua o mesmo. O grande segredo para alcançar as misericórdias de Deus é mesmo com cheiro de azeite sobre o corpo saber o momento certo para receber o prometido. Ele não correu para Gibeá para se promover, pelo contrário, volta para o deserto e continua sua vida como sempre foi, cuidando das ovelhas, mas agora com um diferencial, suportando o deserto com azeite sobre a cabeça.
Que Deus abençoe a todos os amigos leitores.
Jônatas Fernandes